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Independência ou quebra!

Afinal de contas, por que fazemos tudo isso mesmo?

Às margens do Rio Ipiranga, preparando-se para iniciar seu treino para uma maratona qualquer, Dom Nishi I olha desconsolado para o seu relógio GPS apagado, sem bateria.

O que fazer? Correria assim mesmo, sem saber com exatidão a distância percorrida, os batimentos cardíacos contados, as métricas de passada, esforço relativo, inclinação e, pior, sem poder subir o treino com o percurso percorrido no Strava? Valeria a pena tanto esforço sem ter tais resultados para ver e mostrar a todos? Como faria para controlar o seu progresso nos treinos?


Por um momento, esse nobre atleta amador hesitou. Sem o GPS, parou o treino que sequer começara e começou a se dirigir à saída do parque para ir embora para casa. Ora, era só um treino, que falta faria não fazê-lo? Além disso, se resolvesse colocar uma informação manual no Strava, talvez tivesse depois que lidar com o pessoal questionando se esse treino foi realmente feito, sem o devido registro do GPS. Ele dependia do registro do GPS, não valeria a pena treinar assim, pensou.


De repente ele escuta um som conhecido. U-hu-hu... U-hu-hu... lá na rua, fora do parque, ele vê passar um corredor magrela de camiseta regata branca, shortinhos curtos, cabelos longos encaracolados e esvoaçantes... era o Roberto Losada, o cachorrão do Ipiranga, corredor há décadas, conhecido no bairro por todo mundo. Lógico que ele tava sem GPS, sem fone de ouvido, sem sensor de cadência no tênis e sem se preocupar com essas coisas... ele simplesmente estava correndo por aí, como faz desde o século passado.


E uma luz meio óbvia apareceu em sua mente. É isso que importa. Correr!! Como o Professor Losada!! O treino proposto sairia, com ou sem relógio GPS! Correria como os antigos fenícios, finlandeses ou africanos!!

A duração do treino ele mediria pelo movimento do sol e início da noite já que era final de tarde. A velocidade seria a que sua respiração cobrasse e suas pernas tolerassem. A distância ele estimaria pelas voltas dada naquele percurso. As demais métricas... bom, será que precisaria mesmo saber o raio comprimento da passada, a cadência de passos por minuto ou ganho de elevação? Dom Nishi I então solenemente declara aos seus (na verdade não tinha ninguém ali, mas foi legal registrar no stories): "Se é pelo bem do meu corpo e felicidade geral do meu treinamento, estou pronto e EU FICO para continuar meu treino!!!"


Afinal é isso ou quebrar na prova para a qual estava treinando! E quando a quebra vem, não tem equipamento eletrônico que te empurre ou te ajude até a linha de chegada. E dando prosseguimento àquele momento histórico, Dom Nishi I ergue o seu GPS sem bateria e brada a todos os que o ouviam naquele momento histórico (bom, na verdade continuava sozinho ali no meio do parque, mas um bom photoshop da selfie mesclando um quadro do Pedro Américo resolvia essa questão):


"INDEPENDÊNCIA OU QUEBRA!!!"

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