A capacidade de bater recordes mundiais, nos faz lembrar o ex-saltador de vara ucraniano que fez história nas décadas de 80 e 90
No mundo das corridas, as provas de ultradistância, ou seja, distâncias acima dos 42.195 metros da maratona, nunca chamaram muito a atenção. Um dos motivos é que nos últimos anos nunca houve uma grande estrela dominante capaz de chamar a atenção desse mundo. Um dos mais famosos, Dean Karnazes, fez sucesso com os seus livros e inspirou muita gente, mas ele é apenas um ótimo atleta, sem conseguir ser dominante a ponto de ser chamado de estrela. Killian Jornet é uma estrela em ultradistâncias, mas ele faz parte de um mundo à parte, as ultratrails, as corridas de montanha de paisagens lindas e extremamente desafiadoras.
Porém, faltava uma grande estrela nas corridas de ultradistância em percursos planos ou de rua. Desde o legendário Yiannis Kouros, o grego que bateu todos os recordes possíveis e imagináveis de ultradistâncias entre as décadas de 80 e 2000, não aparecia alguém capaz de chamar tanta atenção.
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Até que da distante Lituânia, país mais conhecido pelos seus jogadores de basquete, aparece um rapaz chamado Aleksandr Sorokin, um ex-gordinho que começou a correr só para perder peso e que descobriu uma capacidade incrível de correr em velocidades altíssimas durante muito, mas muito tempo mesmo.
Diz a lenda que ele começou a correr em 2013, com cerca de 100kg. E já em 2013 temos o registro da primeira prova de 100km da qual ele participa, chegando em 9º lugar, com 08h37. No ano seguinte ele ganha a primeira prova de 100km (7h20!) e participa do primeiro mundial de ultramaratona na distância de 100km. E daí em diante é história. Vitórias na Spartathlon, em Campeonatos Europeus e Mundiais, experimentando várias distâncias e modalidades. Além dos 100km, ele é incrivelmente dominante nas provas de 6hs, 12hs, 24hs e 100 milhas, das quais não só detém os recordes mundiais (alguns do próprio lendário Yiannis Kouros), como também parece ser capaz de quebrá-los quando quiser.
Desde 2021 ele tem quebrado recordes mundiais nessas modalidades como quem espreguiça antes de tomar um café da manhã. Alguns dos recordes, como o dos 100km, batido neste último 14 de maio de 2023 (6h05m35s, um ritmo de 3m39s/km!), já eram dele e ele simplesmente parece estar já estar em nível onde melhora o seu recorde aos poucos, quando quer, à medida em que a necessidade aparece.
E nisso ele está começando a parecer inacreditável Serguei Bubka, saltador de vara ucraniano que bateu 35 recordes mundiais nas décadas de 80 e 90. Bubka chegara a um nível de dominância tal que escolhia os eventos em que iria bater o recorde mundial, negociando cachês mais elevados ou maior projeção esportiva.
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A impressão que temos é a de que Sorokin está chegando a esse nível. Quando ele entra em uma competição, a dúvida não é se ele vai ganhar, mas se ele vai bater mais uma vez algum recorde mundial. Ele precisa se manter mais alguns anos nesse nível de atuação extremamente dominante para poder ser comparado a esses monstros como o Yiannis Kouros e o próprio Serguei Bubka, mas certamente já fez história e está conseguindo chamar muita atenção para as provas de ultradistância!
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